2 de junho de 2009

Uruguay: um lugar para viver bem

Punta Carretas: a prisão que virou um moderno shopping center

Querida Montevideo.
Minha amiga Denis disse que os uruguaios devem ser péssimos de marketing porque todo mundo tem certeza que ali é o fim do mundo. Na verdade, eles são geniais. Montevideo funciona justamente porque tem pouca gente - 1,5 mi de habitantes, menos da metade da população de Salvador. Faz tempo que não visito uma cidade tão atraente. Esquecida no mapa e de economia sem destaque no cenário internacional, a capital do Uruguay surpreende. Charmosa, antiga, recente, decente, moderna e limpa. Organizada. Segura. Educada. Acessível. Saborosa. Doce, carnívora. Ilustre, agradável. Forte. Imponente. Bela. Hispânica. Amável. E acima de tudo gentil. São muitos os adjetivos capazes de traduzir a sede administrativa do Mercosul. Mas, sem dúvida, o que mais chama atenção é a amabilidade, gentileza e educação das pessoas de lá. Pessoas de español manso e pausado, capazes de atender com um leve sorriso qualquer solicitação de ajuda. Pessoas que te cumprimentam sempre que cruzam com você, independente da hora ou do dia.

Cruzamento calle Mercedez com Paraguay

Gentil Montevideo.
Cidade onde os carros priorizam os pedestres, mesmo onde não há semáforo. Na porta do Teatro Solis, depois de ter assistido o musical Micción, observávamos maravilhados o imponente prédio colonial. Éramos os únicos em pé na calçada. Passava das 22h30. E mesmo de costas pra rua, ao virar o rosto me dei conta de que três ônibus e dois carros aguardavam parados a nossa travessia. "Estão esperando a gente passar", comentamos surpreendidos.

Carrasco: um convidativo bairro residencial próximo a Rambla

Tranqüila Montevideo.
Cidade de vias largas com ruas cercadas de plátanos e perfeitamente pavimentadas com resistentes e eficazes placas de concreto. Não se vê um buraco, um papel voando, um amontado de lixo, nada com odor desagradável. No chão, apenas as folhas secas do outono compondo com o frio uma bela paisagem. E o mais curioso: também não se vê lixeiras ou papeleiras. Mais um sinal da refinada educação. Montevideo é limpa porque é educada. E é tranqüila porque é organizada. Cidade de trânsito intenso, porém suave: praticamente não se ouve uma buzina, embora tenha bastante carro nas ruas - e carros de todos os tipos: novos e antigos (cada raridade!). Não se faz seguro de veículos. Tampouco os carros têm trava elétrica, GPS ou qualquer outro kit paranóia socorro-vou-ser-assaltado. Não! Em Montevideo não vou ser assaltada. Pelo contrário. Nas garagens, os motoristas deixam as chaves no painel do carro. Dá pra acreditar? E nós, que chegamos de fora, não nos preocupamos ao deixar o nosso carro (sem seguro) toda noite na rua, na porta do hotel.

Inesquecível Montevideo.
Não é a toa que leva o título de cidade da América Latina com melhor qualidade de vida.
Uma das 30 cidades mais seguras do mundo.
Minha mãe emprestada, gaúcha, conta que quando era menina, lá pela década de 60, cansou de ouvir os adultos comentarem sobre amigos ou vizinhos desaparecidos por conta da ditadura. Era comum ouvir que o fulano de tal fugira para o Uruguai... Cadê o beltrano? Fugiu, anda pelas bandas do Uruguai. De fato, do Uruguai conhecíamos as zonas de fronteira. Nunca tinhamos mergulhado para o interior do país que com 176 mil km² é um pouco menor do que o Rio Grande do Sul e o segundo menor país da América Latina.
Com uma população de 3, 3 milhões de habitantes (a Bahia possui 14 mi) foi um dos primeiros países a implantar uma política social de previdência, e é um modelo de assistência aos idosos que formam boa parte da população; tem uma da menores taxas de pobreza do continente e um dos menores índices de analfabetismo (ensino gratuito e obrigatório da pré-escola ao superior); foi o primeiro país a estabelecer por lei o direito ao divórcio no ano de 1907, e um dos primeiros países do mundo a estabelecer o direito das mulheres a votar. Tá bom assim ou querem mais? Porque tem!
Na década de 60 era considerada a Suíça da América Latina, com padrões de desenvolvimento no mesmo patamar dos países europeus. E como nem tudo são flores, crise econômica nos anos 60, e, na década seguinte, os EUA fizeram lá boa parte do estrago que fizeram aqui e no resto da América Latina. Mas a história do país pode ser encontrada em qualquer bom livro ou site. Por aqui ficam apenas as nossas impressões.


Viagem feliz, difícil partir.
A gente quer voltar logo.
E de preferência, para morar.


>aguardem mais posts
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© 2009 Tássia Novaes

4 comentários:

Bruna Hercog disse...

Que delícia!!!!!!!!!!!!!!!!

Bito disse...

Que delícia mesmo, Bruninha... e com esse olhar que só a nossa amiga tem, a cidade fica ainda mais bonita!

Amarela, pra onde vc for, pode ter certeza, eu estarei perto em pensamento! Saudadona!

bjão!

melina disse...

amei o artisa!!! hehe
bjo

Teka disse...

uau! deu vontade de ir. bjos hf